Nos últimos anos, acompanhamos de perto as mudanças provocadas pelas novas tecnologias na forma como produzimos e consumimos literatura, e a pandemia ajudou a acentuar ainda mais essa tendência.
O Kindle e os smartphones se juntaram aos livros no prazer pela leitura. E a autopublicação em plataformas como a Amazon se tornou um dos muitos caminhos possíveis para escritores independentes. As vantagens são muitas, existe, inclusive, o Prêmio Kindle de Literatura, que premia anualmente os melhores romances publicados na Amazon.
Quer entender melhor como funciona esse processo de autopublicação? Confira, abaixo, a entrevista com uma das escritoras independentes mais lidas na Amazon, Luísa Aranha. Autora do Guia da escritora independente, ela tem mais de 25 títulos publicados entre dramas, comédias românticas, antologias e romances contemporâneos, todos em formato impresso e digital. Especializada em literatura de entretenimento e autopublicação, publica na Amazon desde 2012.
Por que publicar na Amazon e não em outras plataformas ou por editoras online? Quais as vantagens?
Primeiro acho que é importante explicar algo sobre editoras online: a maioria delas não exerce as funções de editora e sim de gráfica, cobrando do autor um preço exorbitante e sem dar suporte algum além da impressão do livro. Isso significa, que apesar de ter uma editora, o autor fica totalmente sozinho e, muitas vezes, mais perdido do que se fizer de forma totalmente diferente. Dito isso, é necessário também esclarecer que a Amazon, no Brasil, é vantajosa para a publicação de livros digitais e não impressos, para os impressos existem plataformas similares brasileiras que valem mais a pena.
Para a publicação de livros digitais a Amazon é a mais vantajosa, primeiro porque não há custos para publicar, segundo porque você tem a opção de vender o ebook avulso e de cadastrá-lo para ser oferecido aos assinantes do Kindle Unlimited, que funciona como um streaming de livros. É um biblioteca, onde o assinante pode pegar emprestado o livro que quiser. Por que isso é vantajoso para o autor? Porque recebemos por página lida. Então há duas formas de lucrar em cima da sua publicação: a venda dos ebooks e as páginas lidas pelos assinantes.
Pensando na estrutura de um romance, há diferenças ao se escrever uma narrativa longa para um livro impresso e para um livro digital da Amazon?
Eu não vejo diferença na estrutura. Teremos as mesmas questões: universo ficcional, personagens, enredo. A questão para mim está no público. A literatura de entretenimento digital ganha cada vez mais espaço porque atinge pessoas que não tem acesso a livros físicos, muitas vezes pelo valor, em outras tantas pela desvalorização das bibliotecas públicas municipais.
Quando se pensa em escrever um romance, independente da forma, o público sempre deve ser o foco: para quem eu escrevo? Sabendo para quem, descobrimos a fórmula do entretenimento.
E quanto aos aspectos visuais, como diagramação, ilustração?
É totalmente diferente a estética do livro impresso e do livro digital. O maior erro da maioria dos iniciantes é achar que o PDF do impresso pode ser postado. A diagramação de um ebook para a Amazon é feita em um programa específico chamado Kindle Create, porque por ser digital ele precisa se adaptar aos diferentes tipos de tela onde poderá ser consumido.
Quanto a ilustrações e capa, aqui é importante lembrar que em muitos casos aparecerão em preto e branco, então testar se as imagens ficam nítidas é fundamental.
Como formar uma boa base de leitores publicando na Amazon?
Esse é o segredo de milhões! O dia que alguém descobrir, achou a fórmula mágica do sucesso! Hahahaha! Brincadeiras à parte, acredito que o ponto de partida é o mesmo da narrativa: conhecer o público. Quando a gente sabe para quem escreve, fica mais fácil organizar campanhas de divulgação e atingir os leitores certos. Outra coisa importante é utilizar as redes sociais para interagir. Aquela imagem do escritor inacessível não cola mais. Manter uma assiduidade nos lançamentos também ajuda a manter o leitor engajado.
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